Resenha

The Kings of Summer (2013)

Muito do que se tem para falar a respeito de The Kings of Summer vai da inventividade do roteiro e dos personagens construidos para trama. É um filme que trata da adolescência e de sua necessidade de um escapismo, de uma busca por uma liberdade que surge como uma necessidade para essas pessoas que transitam entre a infância e a idade adulta. Mas o que também chama atenção, é a maneira como foi abordados os temas, e como uma produção quase que completamente independente influenciou e ressonou.
A produção do filme foi tipicamente nos moldes do cinema independente americano, passando longe dos orçamentos gigantescos das grandes indústrias de cinema. O roteirista e o diretor são iniciantes, tendo como esse o primeiro longa metragem de ambos. A combinação de inexperiência com criatividade acabou por ter resultados mais positivos do que negativos se formos colocar tudo em uma balança. The Kings of Summer foi uma das sensações do Festival de Sundance em 2013, aparecendo como uma das boas surpresas daquele ano, mostrando que o cinema independente americano ainda é um dos mais importantes e mais produtivos do cenário.
O filme foi rodado durante 26 dias, 6 dias por semana. Em uma grande parte das filmagens o diretor Jordan Vogt-Roberts juntamente com o roteirista Chris Galleta saíam com os três personagens principais pelas ruas, gravando os garotos em pontos aleatórios da cidade, improvisando interações e acumulando um material para uma série de momentos descontraídos e sem diálogo que o filme carrega em uma boa parte de seu conteúdo. O elenco e equipe reduzida durante toda a produção do filme acabou por habilitar certas liberdades durante o processo de gravação, fazendo com que as cenas captadas em formato de improviso se misturassem com as planejadas no roteiro. A cena de abertura do filme é um exemplo desse despojamento. Os três protagonistas se encontram numa floresta, batucando em um cano gigante com pedaços de pau e produzindo uma música que tomaria conta do ritmo do próprio filme, sendo apenas gravada pelo iPhone do diretor, como revelado em uma entrevista do elenco.
Simples e inteligente, o filme conta com nítidas influências de Diablo Cody no roteiro, uma trilha sonora muito presente e de técnicas de improviso e liberdade nas escolhas de atuação, além de um elenco que conta com algumas figuras já familiares para o público de seriados americanos. É um bom exemplo de como se pode fazer um cinema de baixo custo, que diverte e entretem, utilizando de meios criativos para lidar com alguns problemas técnicos e com influencias que servem de anteparo para quaisquer dificuldades que a produção estreante pudesse ter, principalmente em relação a história e no dia-a-dia do set de gravação.

Texto: Ingrid Gonçalves

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